Marcos
Autor: Marcos
Data: Cerca de 65?70 dC
Esboço de Marcos
Introdução 1.1-13
Declaração sumária 1.1
Cumprimento da profecia do AT 1.2-3
O ministério de João Batista 1.4-8
O batismo de Jesus 1.9-11
A tentação de Jesus 1.12-13
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I. O Ministério de Jesus na Galiléia 1.14-9.50
Princípio: Sucesso e conflito iniciais 1.14-3.6
Etapas posteriores: Aumento de popularidade e oposição 3.7-6.13
Ministério fora da Galiléia 6.14-8.26
Ministério no caminho para a Judéia 8.26-9.50
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II. O Ministério de Jesus na Judéia 10.1-16.20
Ministério na Transjordânia 10.1-52
Ministério em Jerusalém 11.1-13.37
A Paixão 14.1-15.47
A ressurreição 16.1-20
Autor
Mesmo que o Evangelho de Mc seja anônimo, a antiga tradição é unânime em dizer que o autor foi João
Marcos, seguidor próximo de Pedro ( 1Pe 5.13) e companheiro de Paulo e Barnabé em sua primeira
viagem missionária. O mais antigo testemunho da autoria de Mc tem origem em Papias, bispo da Igreja
em Hierápolis (cerca de 135-140 dC), testemunho que é preservado na História Eclesiástica de
Eusébio. Papias descreve marcos como ?interprete de Pedro?. Embora a igreja antiga tenha tomado
cuidado em manter a autoria apostólica direta dos Evangelhos, os pais da igreja atribuíram
coerentemente este Evangelho a Marcos, que não era um apóstolo.
Data
Os fundadores da Igreja declaram que o Evangelho de Mc foi escrito depois da morte de Pedro, que
aconteceu durante as perseguições do Imperador Nero por volta de 67 dC. O Evangelho em si,
especialmente o cap. 13, indica ter sido escrito antes da destruição do Templo em 70 dC. A maior
parte das evidências sustenta uma data entre 65 e 70 dC.
Contexto Histórico
Em 64 dC, Nero acusou a comunidade cristã de colocar fogo na cidade de Roma, e por esse motivo
instigou uma temerosa perseguição na qual Paulo e Pedro morreram. Em meio a uma igreja perseguida,
vivendo constantemente sob ameaça de morte, o evangelista Marcos escreveu suas ?boas novas?. Está
claro que ele quer que seus leitores tomem a vida e exemplo de Jesus como modelo de coragem e força.
O que era verdade para Jesus deveria ser para os apóstolos e discípulos de todas as idades. No
centro do Evangelho há pronunciamentos explícito de ?que importava que o Filho do Homem padecesse
muito, e que fosse rejeitado pelos anciãos, e pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas, que
fosse morto, mas que, depois de três dias, ressuscitaria? (8.31) Esse pronunciamento de sofrimento e
morte é repetido (9.31; 10.32-34), mas torna-se uma norma para o comprometimento do discipulado: ?Se
alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz e siga-me? (8.34). Marcos guia
seus leitores à cruz de Jesus, onde eles podem descobrir o significado e esperança em seu
sofrimento.
Conteúdo
Mc estrutura seu Evangelho em torno de vários movimentos geográficos de Jesus, que chega ao clímax
com sua morte e ressurreição subseqüente. Após a introdução (1.1-13), Mc narra o ministério público
de Jesus na Galiléia (1.14-9.50) e Judéia (caps 10-13), culminando na paixão e ressurreição (caps
14-16). O Evangelho pode ser visto como duas metades unidas pela confissão de Pedro de que Jesus era
o Messias (8.17-30) e pelo primeiro anúncio de Jesus e sua crucificação (8.31).
Mc é o menor dos Evangelhos, e não contém nenhuma genealogia e explicação do nascimento e antigo
ministério de Jesus na Judéia. É o evangelho da ação, movendo-se rapidamente de uma cena para outra.
O Evangelho de João é um retrato estudado do Senhor, Mt e Lc apresentam o que poderia ser descrito
como uma série de imagens coloridas, enquanto que Mc é como um filme da vida de Jesus. Ele destaca
as atividades dos registros mediante o uso da palavra grega ?euteos? que costuma ser traduzia por
?imediatamente?. A palavra ocorre quarenta e duas vezes, mais do que em todo o resto do NT. O uso
freqüente do imperfeito por Mc denotando ação contínua, também torna a narrativa rápida.
Mc também é o Evangelho da vivacidade. Frases gráficas e surpreendentes ocorrem com freqüência para
permitir que o leitor reproduza mentalmente a cena descrita. Os olhares e gestos de Jesus recebem
atenção fora do comum. Existem muitos latinismos no Evangelho (4.21; 12.14; 6.27; 15.39). Mc
enfatiza pouco a lei e os costumes judaicos, e sempre os interpreta para o leitor quando os
menciona. Essa característica tende a apoiar a tradição de que Mc escreveu para uma audiência romana
e gentílica.
De muitas formas, ele enfatiza a Paixão de Jesus de modo que se torna a escala pela qual todo o
ministério pode ser medido: ?Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para
servir e dar a sua vida em resgate de muitos?(10.45). Todo o ministério de Jesus (milagres, comunhão
com os pecadores, escolha de discípulos, ensinamentos sobre o reino de Deus, etc.) está inserido no
contexto do amor oferecido pelo Filho de Deus, que tem seu clímax na cruz e ressurreição.
Cristo Revelado
Esse livro não é uma biografia, mas uma história concisa da redenção obtida mediante o trabalho
expiatório de Cristo. Mc demonstra as reivindicações messiânicas de Jesus enfatizando sua autoridade
com o Mestre (1.22) e sua autoridade sobre satanás e os espírito malignos (1.27; 3.19-30), o pecado
(2.1-12), o sábado (2.27-28; 3.1-6), a natureza (4.35-41; 6.45-52), a doença (5.21-34), a morte
(5.35-43), as tradições legalistas (7.1-13,14-20), e o templo (11.15-18).
Título de abertura do trabalho de Mc, ?Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus? (1.1),
fornece sua tese central em relação a identidade de Jesus como o filho de Deus. Tanto o batismo
quanto a transfiguração testemunham sua qualidade de filho (1.11; 9.7). Em duas ocasiões, os
espíritos imundos o reconhecem como Filho de Deus (3.11; 5.7). A parábola dos lavradores malvados
(12.6) faz alusão à qualidade de filho divino de Jesus (12.6). Por fim, a narrativa da crucificação
termina com a confissão do centurião: ?Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus.?
(15.39)
O titulo que Jesus usava com mais freqüência para si próprio, num total de catorze vezes em Marcos,
é ?Filho do Homem?. Como designação para o Messias, este termo (ver Dn 7.13) não era tão popular
entre os Judeus como o título ?Filho do Homem? para revelar e para esconder seu messianismo e
relacionar-se tanto com Deus quanto com o homem.
Mc, atentando para o discipulado, sugere que os discípulos de Jesus deveriam ter um discernimento
amplo ao mistério de sua identidade. Mesmo apesar de muitas pessoas interpretarem mal sua pessoa e
missão, enquanto os demônios confessam sua qualidade de filho de Deus, os discípulos de Jesus
precisam ver além de sua missão, aceitar sua cruz e segui-lo. A segunda vinda do Filho do Homem
revelará totalmente seu poder e glória.
O Espírito Santo em Ação
Junto com os outros escritores do Evangelho, Mc recorda a profecia de João Batista de que Jesus ?vos
batizará com o ES? (1.8), Os crentes seriam totalmente imersos no Espírito, como os seguidores de
João o eram nas águas.
O ES desceu sobre Jesus em seu batismo (1.10), habilitando-o para seu trabalho messiânico de
cumprimento da profecia de Isaías (Is 42.1; 48.16; 61.1-2). A narrativa do ministério subseqüente de
Cristo testemunha o fato de que seus milagres e ensinamentos resultaram da unção do ES.
Mc declara graficamente que ?o Espírito o impeliu para o deserto? (1.12) para que fosse tentado,
sugerindo a urgência por encontrar e vencer as tentações de satanás, que queria corrompê-lo antes
que le embarcasse em uma missão de destruir o poder do inimigo nos outros.
O pecado contra o ES é colocado em contraste com ?todos os pecados? (3.28), pois esses pecados e
blasfêmias podem ser perdoados. O contexto define o significado dessa verdade assustadora. Os
escribas blasfemaram contra o ES ao atribuírem a satanás a expulsão dos demônios. Que Jesus
realizava pela ação do ES (3.22). Sua visão prejudicada tornou-os incapazes do verdadeiro
discernimento. A explicação de Mc confirma o motivo de Jesus ter feito essa grave declaração (3.30).
Jesus também refere à inspiração do AT pelo ES (12.36). Um grande estímulo aos cristãos que
enfrentam a hostilidade de autoridades injustas é a garantia do Senhor de que o ES falará através
deles quando testemunharem de Cristo (13.11).
Além das referências explícitas ao ES, Mc emprega palavras associadas com o dom do Espírito, como
poder, autoridade, profeta, cura, imposição de mãos, Messias e Reino.